sexta-feira, 21 de maio de 2010

Seminário: Direitos Humanos na Perspectiva do Antirracismo


Desde 2001, o Instituto Cultural Steve Biko iniciou o Projeto de Formação de Jovens em Direitos Humanos e Antirracismo com o objetivo de promover uma participação mais ativa da juventude negra - vítima preferencial do cotidiano de violação de direitos e de discriminações - na superação do racismo e na promoção dos direitos humanos em suas comunidades e escolas. No decorrer desses anos, a partir desse projeto, foi constituído o Núcleo de Antirracismo e Direitos Humanos do Instituto Steve Biko (Núcleo DHAR).

Como parte das ações de 2010 do Núcleo DHAR, estaremos realizando o Seminário Direitos Humanos na Perspectiva do Antirracismo, com o objetivo de mobilizar as organizações de direitos humanos de Salvador, para a necessidade, urgência e imperativo ético de, numa cidade de maioria negra, incluir de forma central o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial em suas agendas. É com grande satisfação que gostaríamos de contar com a sua presença no Seminário para tratamos do tema em Pauta.



Data: 28 de maio de 2010.


Horário: 18:30


Local: Auditório do Ministério Público de Salvador.

(Av. Joana Angélica, 1312, Nazaré - Salvador - Bahia)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Bikodisse Entrevista: Sheila Regina



Biko disse: “Ou você está vivo e orgulhoso ou você está morto. E quando está morto não se incomoda com nada.”


Na segunda edição do Bikudisse tivemos a brilhante participação de Sheila Regina. Ex-aluna do Pré-vestibular Steve Biko em 2001, e membro da coordenação do Projeto Oguntec. A nossa Jovem Cientista 2008, foi premiada por seu trabalho: 'OGUNTEC: uma experiência de ação afirmativa no fomento à iniciação científica', orientada pelo Prof. Abraão Felix.

Bikodisse: Você foi criada num bairro considerado violento (Paripe) e majoritariamente composto pela população negra. Conte-nos um pouco da sua infância e a dolescência.

Sheila Regina: Apesar de Paripe ser considerado um bairro muito violento, a minha infância foi tranquila. Minha mãe criou eu e o meu irmão praticamente sozinha, porque meu pai sempre trabalhou viajando e passava muito tempo longe da família. Estudei a minha vida toda em escola pública, porque meus pais não tinham condições de pagar uma escola particular para

mim e para o meu irmão. Meus pais não tiveram a oportunidade de terminar o ensino fundamental, mas eles queriam que eu e o meu irmão tivéssemos uma formação superior. Sempre gostei de estudar, tirava boas notas, enfim. Tudo o que sou, agradeço principalmente a Deus e aos meus pais, pois eles são a minha fortaleza.


Bikodisse: Como você conheceu o Instituto Steve Biko? Como ocorreu e ocorre a sua participação nele?

Sheila Regina: Conheci a Steve Biko através de uma professora num curso que fiz no Ceafro, comentei com essa professora que estava pensando em fazer um pré-vestibular, mas que não tinha dinheiro para pagar. Foi então que fiquei sabendo da existência da Steve Biko, achei uma ótima opção, porque era barato, e segundo ela, era um cursinho muito bom. Fiz o meu pré-vestibular na instituição em 2001 e atualmente, faço parte da coordenação Pedagógica do Programa Oguntec- programa de fomento à ciência para jovens negros e negras.




Bikodisse: Para aprovação no vestibular, a maioria das pessoas utiliza estratégias. Ter participado do grupo de estudos GERAR em 2001 foi a sua principal estratégia? O que você diz para os jovens que querem ingressar na universidade?

Sheila Regina: Ter participado do Gerar foi de suma importância para alcançar o meu objetivo, que era ser aprovada no vestibular, essa estratégia foi utilizada não só por mim, mas por todo o grupo. Passávamos a maior parte do tempo estudando, éramos muito disciplinados, um ajudando ao outro, todos com o mesmo objetivo. Criamos um laço tão forte como o de uma família, aliás, somos uma família.

Para os jovens que querem ingressar na universidade, eu diria que é fundamental serem disciplinados com os estudos e nunca se acomodar diante das dificuldades que eles irão encontrar pela frente.



Bikodisse: O que foi determinante na sua escolha pela graduação em estatística na UFBA?

Sheila Regina: Eu sempre gostei das disciplinas de cálculos, na escola tirava boas notas em matemática, física e química. Então, pensei em fazer matemática, mas queria algo mais aplicado, então escolhi estatística.


O Professor Abraão Felix ao lado de Sheila Regina


Bikodisse: Qual importância do Instituto Steve Biko na sua formação acadêmica e pessoal?

Sheila Regina: Não tenho palavras para descrever o que a Biko representa na minha vida.... A Biko teve e tem um papel fundamental na minha formação acadêmica e principalmente na minha auto-estima. Foi nesse Instituto que passei a conhecer mais sobre a minha ancestralidade, a luta da população negra para a superação das desigualdades, a pensar em projetos coletivos. A Biko me preparou para a vida, me ensinou como enfrentar o racismo cruel que existe em nossa sociedade, e além disso, eu conheci bons professores que contribuíram para melhorar minha base educacional a ponto de ter êxito no vestibular.

Bikodisse: Qual a linha de pesquisa do seu mestrado? Conte-nos um pouco dessa conquista.

Sheila Regina: Minha linha de pesquisa está ligada a área de educação. Estou estudando Aplicações de Modelos estatísticos em Avaliação Educacional. O mestrado está sendo muito difícil, tenho que “matar um leão por dia” para chegar ao meu objetivo, afinal de contras a Unicamp tem o segundo melhor curso de pós-graduação em estatística da America latina.

Bikodisse: O Instituto Steve Biko tem a visão de constituir-se numa Instituição de Ensino Superior (IES) em 2012. Como você se vê nesse processo?

Sheila Regina: Eu vejo esse processo como um marco na história da comunidade negra. Pois será a primeira instituição de ensino superior de referência no país em estudos voltado para o desenvolvimento educacional, político e tecnológico das comunidades afrodescendentes.

Bikodisse: Você participou da organização do CONECTAR. Como foi esse evento? E qual impacto ele teve para a comunidade negra?

Sheila Regina: Para mim, o Iº Congresso do Núcleo de Estudos em Ciências e Tecnologia André Rebouças – CONECTAR, teve um resultado muito positivo para a comunidade negra, pois foi a primeira vez que um grupo de estudantes negros se reuniu para organizar um evento, cujo tema central era: Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Social. Durante o congresso foi discutida a democratização do acesso à "Ciência e Tecnologia" como elemento promotor de Inclusão Social para a população negra e a "Ciência e Tecnologia" como fator limitante de Desenvolvimento.


Bikodisse: Como as pessoas reagiram ao perceber que uma mulher, jovem e negra fora vencedora do prêmio jovens cientistas?

Sheila Regina: O prêmio Jovem

cientista teve uma repercussão muito importante na minha vida, as pessoas me paravam na rua e parabenizavam, foi uma experiência única.

Sinto-me muito feliz por ser a primeira mulher negra e baiana a ganhar o prêmio jovem cientista, e principalmente, por ver o reconhecimento do trabalho que a Steve Biko desenvolve. Eu costumo dizer, que esse prêmio não é meu, mas de um Instituto que a mais de quinze anos desenvolve ações efetiva de combate às desigualdades raciais.

Bikodisse: Você vem acumulando um conhecimento no campo da educação científica. O caminho para o desenvolvimento econômico do Brasil, seria o investimento maior na ciência?

Sheila Regina: Acredito que o investimento maior na ciência e tecnologia seja um fator importante para o desenvolvimento do Brasil. Quando eu falo em ciência e tecnologias, estou me referindo a uma ciência e tecnologia de acesso a todas as camadas sociais. E para que isso seja realmente possível, é necessário qualificar a educação pública, investindo na formação de professores, de modo que os estudantes negros, que na maioria estão nas escolas públicas, tenham maiores “possibilidades” de sucesso nos vestibulares, nas
carreiras científicas e tecnológicas. Também é necessário investir em programas como o Oguntec, cujo principal objetivo é possibilitar aos jovens uma preparação para uma melhor interação com os avanços científicos e tecnológicos da sociedade, sem descuidar do tratamento de elementos subjetivos como: o racismo e outras formas de iniquidades que têm impacto direto na auto estima dos estudantes.

Bikodisse: O que falta para existir uma política voltada para a popularização da ciência?

Sheila Regina: Falta interesse por parte dos governantes e uma política de estado, que ofereça uma educação de qualidade voltada para o ensino da ciência e tecnologia. Enquanto nos países de primeiro mundo a educação científica é incorporada ao currículo desde o ensino elementar, no Brasil, há um distanciamento entre o conhecimento científico e a educação pública. Esse contexto faz com que os jovens egressos das escolas públicas, majoritariamente negros, não almejem ingressar na área de ciência e tecnologia.

terça-feira, 11 de maio de 2010

1000 Bikud@s Inquebrantáveis!




São mais de 1000 bikud@s que conseguiram alcançar seus objetivos e ingressar na universidade. A Campanha 1000 bikud@s inquebrantáveis surge do desejo do Instituto Steve Biko de saber: Onde estão estes bikud@s?

A criação de um novo banco de dados trará benefícios para o Instituto e para cada bikud@ recadastrado.

Através deste novo banco de dados pretendemos restabelecer o contato com cada um, divulgar as atividades e eventos realizados pela instituição, compartilhar materiais e pesquisas, multiplicar o conhecimento e contribuir com a formação de bikud@s que também poderão chegar à universidade.

Em breve teremos aqui mais informações sobre esta campanha.

Você é Bikud@ e quer participar?


Escreva para nós: biko@stevebiko.org.br

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Bikodisse Entrevista: Michel Chagas




Biko disse: "A maior arma do opressor é a mente do oprimido".


Iniciamos o Bikodisse com Michel por considerá-lo um exemplo de como romper as correntes que tentam prender a comunidade negra numa servidão perpétua. Michel estréia a nossa coluna de entrevistas também devido à trajetória que tem de militância no movimento negro.


Jovem, negro, oriundo de bairro "periférico" e escola pública, encontrou na educação uma boa forma de ascensão político e social. Ele hoje faz o seu mestrado nos EUA, mas não esquece o vínculo formado com o Instituto Steve Biko. Esse é Michel, um bikudo que mesmo à distância tem contribuído para ações em prol da comunidade negra.


"Uma vez bikud@, sempre bikud@" é a frase utilizada para reafirmar a ligação com a Biko, de onde participou e participa.


Michel Chagas fez parte do POMPA (Projeto Mentes e Portas Abertas) e logo adquiriu o "DNA Bikudo", tornando-se o primeiro gestor do Instituto e representando a Biko em diversas ações como; "Campanha reaja ou será morto/morta", "Enjune", "CMCN - Conselho Municipal da Comunidade Negra", "Congresso de Negras e Negros", dentre outros.


O Nucom (Núcleo de Comunicação do Instituto Steve Biko) fez um rápido bate-papo para saber como foi a trajetória dele no Instituto, por onde anda, o que faz e quais são os seus planos para o futuro.

Com a palavra, Michel:

Bikodisse: O que é ser um jovem negro criado num bairro considerado violento (Santa Cruz)?

Michel Chagas: É um desafio.
Por um lado somos uma comunidade alegre, com opções de lazer, com compositores de muito sucesso que tocam nas rádios e envolvida com esportes como futebol e surf. Por outro lado, é muito difícil viver com a permanente repressão que tenta limitar os espaços que podemos estar. Ficamos próximo do Horto Florestal e muitos jovens gostavam de pegar frutas nesta região onde a policia e seguranças privados muitas vezes nos tratavam com agressões. Esta mesma situação se repetia e se repete até hoje no Parque da Cidade. Somos uma comunidade bonita e talentosa, mas com muitas armadilhas e obstáculos para superar.

Bikodisse: Como você conheceu o Instituto Steve Biko? Como ocorreu/ocorre a sua participação nele?

Michel Chagas:O correio nagô. O boca-boca.
Eu já estava na faculdade cursando administração, mas tinha vários amigos que participavam do pré-vestibular e sempre conversávamos sobre as desigualdades socio-raciais. Aí fui com meu irmão ver uma palestra do professor Hélio Santos na sede do pelourinho e depois, quando Jorge X passou no vestibular, fui para aula inaugural da Biko onde ele foi um dos homenageados. Eu fiquei fascinado pela Biko e queria participar de alguma maneira. Então quando abriram as inscrições para o Projeto Mentes e Portas Abertas (POMPA), eu preparei cuidadosamente minha proposta e participei da primeira turma em 2004. Ah, o vírus Biko me pegou!

Bikodisse: Qual a importância do Instituto Steve Biko na sua formação pessoal e acadêmica?

Michel Chagas:Tem uma importância muito significativa. A Biko primeiro rompeu com as barreiras que limitavam minhas perspectivas. Eu cursava administração e lembro que não tinha um projeto de vida. Na verdade eu não tinha referencial, não tive um professor negro na faculdade e não sabia onde eu queria atuar profissionalmente. A Biko ampliou minha visão e me ensinou a ousar. Hoje tenho sonhos mais audaciosos e me sinto preparado para enfrentar desafios. A Biko me deu oportunidade de exercer liderança e pôr em prática o que estava aprendendo na faculdade, ao contrário de muitos dos meus colegas de classe que estavam estagiando em áreas completamente diferentes e alguns apenas tiravam Xerox (cópias de documentos, etc.) no estágio. A Biko foi minha grande escola.

Bikodisse: O instituto tem a visão de constituir uma Instituição de Ensino Superior (IES) em 2012. Como você se vê nesse processo?

Michel Chagas:Eu acompanhei e participei no lançamento desta âncora. Acho uma tarefa ousada e a instituição vai precisar de tod@s para materializar esta visão. Eu estou me preparando academicamente, cursando um mestrado. Mas vou contribuir no que for preciso.


Bikodisse: Qual a linha de pesquisa do seu mestrado? Conte-nos um pouco sobre esta conquista.

Michel Chagas:O meu mestrado é em Políticas de Desenvolvimento Internacional na Duke University. Eu solicitei indicação da Biko para concorrer à bolsa LASPAU. Passei um ano no processo de seleção, primeiro documentação, depois projetos e em seguida, entrevista. Eu fui aprovado na seleção e ganhei a bolsa, mas com a condição de alcançar a pontuação suficiente no teste de proficiência em língua inglesa, TOEFL. Eu precisei parar tudo que estava fazendo para focar somente no inglês. Com um pouco mais de base eu fui para a Universidade do Arizona para um curso intensivo de Inglês. Tentei o TOEFL cinco vezes e na última consegui a pontuação necessária. Fui aceito em duas universidades: ISS na Holanda e Duke nos Estados Unidos. Eu decidi vir para Duke aqui na Carolina do Norte. O inglês foi um dos maiores desafios que tive que vencer, por isso gostaria de sugerir que a juventude invista num curso de língua estrangeira o quanto antes.

Bikodisse:Você foi um dos integrantes da campanha “Reaja ou será morto, reaja será morta". A Campanha cumpriu o seu papel?

Michel Chagas: Na verdade a Biko é integrante da campanha. Por conta das diversas demandas internas que a organização tem, em alguns momentos a Biko teve mais e em outro menos participação. Eu representava a Biko na campanha. A Campanha Reaja vem cumprindo um papel muito importante combatendo a violência policial. Ela sempre esteve firme em uma área que muitas pessoas não querem tratar. Lembro que com a mudança de governo na Bahia, a “Reaja ou será morto, reaja será morta" continuou saindo às ruas e denunciando que a brutalidade contra o povo negro continuava a mesma. A campanha Reaja ainda tem muitos enfrentamentos pela frente, mas considero que vem dando uma contribuição significativa na mobilização da comunidade negra por cidadania e na denúncia das violações dos nossos direitos não só na Bahia, mas em vários outros estados.


Bikodisse:Você deve ter acompanhado a audiência pública sobre as cotas raciais no STF (Supremo Tribunal Federal)? Qual a sua avaliação deste processo na sociedade brasileira?

Michel Chagas: Tenho acompanhado com angústia por estar longe. Eu acho que o debate é muito importante, mas no mínimo eu esperava uma oposição mais preparada e construtiva. De um lado várias representações do movimento negro apresentaram de forma organizada o porquê da necessidade de ação afirmativa, e do outro lado os mesmo questionamentos de como definir quem é negro, e de que não é justo. Sem falar em ter que ouvir um senador da república dizer que os negros se beneficiaram com a escravidão.
O que vejo é que não há justificativa para não adotar as políticas de cotas raciais. Os dados estatísticos vêm sendo usados para justificar a tomada de decisão. Por que o estado brasileiro quer fazer diferente com as políticas de ação afirmativa?
A Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstra que 20% dos jovens brancos entre 18 e 24 estão no ensino superior, enquanto para somente 7% dos negros estão; outro estudo recente do IPEA demonstra que em cinco anos a desigualdade reduziu apenas em 0,7%.
Infelizmente há grupos políticos, a própria mídia, e outros setores da sociedade que defendem seus privilégios históricos. Nós temos que continuar nossa mobilização e lutar para que o estado adote políticas de inclusão para que assim tenhamos uma sociedade brasileira mais igualitária.

Bikodisse: Hoje, nos E.U. A, você consegue estabelecer alguma relação da luta do movimento negro americano com o brasileiro, principalmente nas ações afirmativas?

Michel Chagas: Eu acho que não estou numa condição de fazer uma avaliação sobre a realidade das relações raciais aqui nos EUA. Eu passei 10 meses no Arizona, um estado com muitos mexicanos e outros imigrantes. A agora apesar de estar na Carolina do Norte, um estado de maioria negra, vivo numa cidade universitária que é muito diferente do dia-a-dia da maioria das cidades. Eu posso dizer que ainda há muitas contradições, mas as ações afirmativas aqui possibilitaram uma representação da comunidade negra em várias esferas da sociedade americana. Os negros e negras americanas são proprietários de instituições financeiras, revistas, canais de TV. A CNN que é uma das maiores empresas de comunicação do mundo tem vários âncoras negros e negras. Não há só Obama na política, são muitos governadores negros também. Agora eu considero que as ações afirmativas no Brasil podem dar um resultado ainda melhor porque as cotas são ações imediatas, mas tem a Lei 10.639, que, saindo do papel, pode preparar a nova geração para a diversidade. Acho que esse grande diferencial pode fazer com que as ações afirmativas no Brasil tenham ainda mais eficiência.


Bikodisse: Em 2007 foi realizado o ENJUNE na cidade de Lauro de Freitas-Bahia. Como se deu o processo de organização desse encontro? Que fruto você pôde colher das discussões desse encontro para a Juventude Negra?

Michel Chagas:A organização do primeiro Encontro Nacional de Juventude Negra foi muito difícil por ter sido o primeiro, porque somos jovens e muitas pessoas não nos davam credibilidade e porque decidimos apostar em nós mesmos. Tivemos um pouco de dificuldades com a estrutura do encontro, mas tínhamos decidimos aprender, errando e acertando. A organização do ENJUNE honrou com todos os compromissos assumidos, e divulgamos as contas do encontro e todo apoio que tivemos. Isso foi muito importante para nós. O ENJUNE teve uma cobertura de mídia exemplar, até com transmissão ao vivo via internet. No campo político, tivemos delegação de 19 estados e discutimos políticas para a juventude negra em 14 eixos temáticos. Com as experiências do ENJUNE, o Fórum de Juventude Negra teve as propostas mais votadas na Conferência Nacional de Juventude 2008.
Eu posso dizer que o ENJUNE foi um grande marco na organização da juventude negra.

Bikodisse:Quando teremos o jovem militante negro Michel Chagas de volta às ruas, reuniões e instituições do movimento negro?

Michel Chagas:
[risos]. Eu também não vejo a hora. Tenho 3 meses de férias agora e estarei aí no Brasil contribuindo no que for preciso.


Bikodisse:E o jovem Michel, o que ele diz para a comunidade negra?

Michel Chagas:Que precisamos estar juntos para superar os diversos obstáculos que temos. Hoje a juventude negra pode encontrar várias grupos e organizações para trocar idéias e enfrentar os desafios. Gosto de compartilhar a frase de Steve Biko “Ou você está vivo e orgulhoso ou você está morto. E quando está morto não se incomoda com nada.”

Eu encontrei este orgulho aqui na Biko.

segunda-feira, 3 de maio de 2010


BEMBÉ DO MERCADO 2010.
O ANO DAS ÁGUAS É DE OXALÁ !!
E O TEMPO? ESTE É O DA JUSTIÇA!! 121 ANOS... DE LUTA, HISTORIA E FÉ, QUEM VIVER VERÁ!!


Tradição do Bembé!!

As origens do Bembé do Mercado tiveram início no dia 13 de maio de 1888, quando João de Obá, escravo de origem malê e pai-de-santo, armou um caramanchão na área da Ponte do Xeréu, em Santo Amaro, e bateu ali seu bembé para agradecer a liberdade dos negros. Passado um ano, os libertos da cidade resolveram festejar a abolição em praça pública, levando para as ruas as cerimônias antes restritas às senzalas. Foram três dias e três noites de festa, que aconteceram contra a vontade dos barões da época, que mandaram a força policial para impedi-los. Amparados por sua fé, os 13 de maio, como eram conhecidos os forros, mantiveram o Bembé e ainda rogaram uma praga sobre todo aquele que impedisse o candomblé do mercado. Reza a tradição santo- amarense que, nesse tempo, só em apenas dois anos não se realizou o Bembé.

Quando: de 12 à 16 de Maio.
Horário: de 12 à 15 às 21:00 e dia 16 às 08:00, para a entrega do presente na praia de Itapema.
Onde: Largo do mercado, na cidade de Santo Amaro, Bahia.