quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bikurtas: Visita dos Estudantes da Cornell University (USA) ao Instituto Steve Biko



Estudantes do curso de Urbanismo da Cornell University (USA) que participam de um curso de verão em Salvador entre os dias doze e vinte de junho de 2010, visitaram a Sede da Biko para conversar com @s Bikud@s do Projeto Oguntec. Outro grupo da mesma universidade já havia participado de experiência similar no ano de 2007. O curso de férias é promovido em parceria entre a Cornell University e o Instituto de Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.


A visita ocorreu nesta quinta, 17 de junho, e o grupo foi recebido por Bruno Cupertino, estudante do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal da Bahia e egresso do Oguntec. Bruno apresentou os projetos que desenvolvemos e fez um breve histórico de nossa atuação e da nova visão de futuro da Biko: constituir-se numa IES (Instituição de Ensino Superior).


Também participaram dessa visita Michel Chagas e Jeferson Socorro. Ambos relataram suas experiências na instituição e a substancial importância da Biko em suas vidas.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Bikodisse Entrevista: Aline Nepomuceno

Biko Disse:"o racismo não implica apenas a exclusão de uma raça por outra - ele sempre pressupõe que a exclusão se faz para fins de dominação"

Nesta nova edição temos a ilustre participação de Aline Nepomuceno. Bikuda desde 2003, quando participou do curso Antirracismo e Direitos Humanos, ela fala sobre sua atuação como atriz e militante do movimento negro.
Para nós, Aline é um exemplo de superação a ser seguido por muitos jovens negr@s que pretendem seguir carreira artística, sem esquecer a importância dos valores ancestrais.


Bikodisse: Ser atriz é um sonho de infância? Como e quando começou sua carreira?

Aline: Não. Na verdade a vontade de atuar veio repentinamente quando eu tinha doze anos de idade, ao participar de oficinas oferecidas em minha comunidade, já que o meu bairro possui um grande teatro, que é o ICEIA. As oficinas de teatro e dança afro foram as principais responsáveis para o meu primeiro contato com a arte. É importante ressaltar que Luciana Souza, a dona Joana de” Ó paí ó”, me proporcionou esse encontro com a arte. Ela é a figura primária que contribuiu para meus passos iniciais.

Bikodisse: Você participou do Núcleo de Antirracismo e Direitos Humanos da Biko. As aulas e discussões contribuíram para sua formação política?

Aline: Sem dúvidas. Esse lugar me fortaleceu como mulher e negra. Contribuiu de forma muito positiva na minha formação, política, étnica e moral. Mostrou-me que sou linda com meus cabelos crespos e avantajados, desmistificou as ideologias que a sociedade racista tinha formado na minha cabeça, reacendeu a minha autoestima, me orientando a posicionar-me na sociedade.

Bikodisse: O "Eu Negro" foi um projeto elaborado e implementado por Jovens Promotores em Antirracismo e Direitos Humanos da Biko. Quais as principais ações desse projeto? Qual aprendizado dessa experiência?

Aline: Esse projeto foi um desafio. Pois se tratava de jovens bikudos e ousados a levar para a comunidade do Cabula, um curso de antirracismo e direito humanos engajado com algumas oficinas artísticas, para contribuir de forma muito positiva na mediação desse projeto. O curso proporcionou através do hip-hop e da poesia que era o nosso foco, uma visão mais ampla da nossa sociedade, abordando temas como: a ideia do conceito de raça, formação étnica, miscigenação no Brasil, desigualdade racial, gênero, direitos humanos etc. A nossa juventude tem muita força, e isso para mim foi o desafio maior, primeiro por que tratava de jovens para jovens, depois tratava de jovens da periferia e de escola pública de salvador. A experiência de estar em sala de aula, eu vou levar por toda a minha vida – saber que contribui para a formação de alguns educandos.

Bikodisse: "Ó Paí ó" projetou sua carreira nacionalmente. Como foi a seleção para interpretar "Dandara"? A sensualidade da personagem pode ser confundida com a erotização da mulher negra brasileira?

Aline: A seleção aconteceu aqui em Salvador no Forte do Barbalho, fiquei sabendo por uma amiga, fiz o teste com várias candidatas, depois de uma semana a Dueto filmes me liga para que eu viajasse para o Rio de Janeiro, para fazer a segunda etapa do teste com Lázaro Ramos, depois de uma semana me ligam novamente com a notícia de que a personagem era minha. Depois só ensaio e estudo da personagem, pois estava inserida em um contexto do qual eu não tinha domínio, pois TV é muito diferente do teatro. Mas foi uma experiência espetacular, trabalhar com Lazinho e o Bando de Teatro do Olodum. Foi um aprendizado. Fazer a Dandara foi um presente, mas não foi fácil, primeiro porque tratava de uma mulher com a sensualidade aflorada, pouca roupa e cenas quentes, digo que pra mim foi um desafio. Importante ressaltar que muitas vezes a personagem é confundida com a atriz, e eu ficava muito atenta na rua, quando as pessoas reconheciam se referiam: como ela dança bem, como ela é gostosa, e isso pra mim é grave, porque eles já criam um estereótipo que a mulher é daquele jeito que vê na TV, e não lembra que é ficção, e acabam confundindo, que a mulher baiana é daquele jeito, que é gostosa, tem o bumbum torneado e outras coisas. Só que em 2009, com a segunda temporada a personagem ganha mais força, identidade e vigor, ou seja, o “eu atriz” ganhando espaço para compor e defender a personagem com outra dimensão. Coisas defendidas por nós do elenco em geral.

Bikodisse:
Cantar Hip- Hop na Banda "Hera Negra" é mais uma forma de expressar sua indignação frente às desigualdades raciais e de gênero? Como foi formada a Banda?


Aline: Sim. Na verdade a banda já existia quando eu entrei. A primeira formação era composta por: Ana Paula Azeviche, Negramone e Sads, ou seja, todas elas faziam parte do CRIA (Centro de Referência Integrada de Adolescente) ,o surgimento veio de lá ,dessas bandas,depois veio a segunda formação, Paulinha sai do grupo,aí entra Alexandra e depois Tuca.Adorava vê-las tocando,na verdade eu era atriz do grupo ,elas só me chamavam para fazer Oxum, rsrsrsrsr. Portanto, eu e minha cara de pau fizemos o convite, e a terceira formação era composta por Tuca, Sads e Chinegra, ufa!...
Eu costumava dizer à Sads - essa é a Hera Negra da resistência. Tuca sai, e fica a dupla, lutamos muito, mas tomamos rumos opostos, porém eu ainda acredito na chama viva da Hera,acredito que um dia vamos voltar, porque o rap é nosso aliado.

Bikodisse: Atualmente você faz o curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Que conselhos você dá para outr@s jovens negr@s que querem prestar vestibular para esse curso?

Aline: Façam aquilo que vocês acreditam e não por dinheiro. Eu faço licenciatura porque eu quero atuar em sala de aula, em escola pública, pois eu acredito na arte que transforma, e, é isso que eu faço no subúrbio ferroviário de Salvador, no total são quatro turmas: três de adolescentes entre quinze a dezessete anos e uma de crianças entre quatro e cinco anos. Levo para essas pessoas a educação de forma atrativa e criativa, utilizando o teatro como elemento principal de transformação, pois eu acredito na ARTE que transforma. Assim como a Escola criativa Olodum, Steve Biko, CRIA (Centro de Referência Integrada de Adolescente) e Liceu de Artes e Ofícios, contribuíram para minha formação. Não tenho vergonha de dizer que fui menina de ONGs. .

Bikodisse: Você escreve poesias e músicas. O que você pode nos falar sobre a "Aline autora". De onde vem inspiração?

Aline:
A Inspiração disso tudo vem de um grande poeta, que me disse uma vez “todo mundo escreve, todo mundo é poeta”. Ele realmente tinha razão, comecei a escrever demasiadamente. O principal responsável que me transformou em poetiza foi o grande ZECA DE MAGALHÃES, meu mestre, me inspirou a escrever e recitar nas praças públicas denunciando as mazelas da sociedade através das palavras.

Bikodisse:
Qual a sua opinião sobre a luta da Biko na erradicação das desigualdades sócio-raciais?

Aline: Essencial e de suma importância, principalmente para essa geração de agora.

Bikodisse:
Você acredita que houve um avanço nos meios de comunicação no que tange a visibilidade do negro?

Aline: Melhorou, mas ainda não é o suficiente, entre tantos somos poucos mostrados, por exemplo, em uma novela que leva um núcleo com mais ou menos 90 atores, a quantidade de negro varia entre dois a três, que pra mim é absurdo.

Bikodisse: De que forma o acúmulo de experiências com organizações do movimento negro contribuiu para sua atuação como educadora social?

Aline:
Como disse anteriormente, sou menina de ONGs e tudo que eu conquistei de certa forma foi através dessas instituições, das quais eu passei, que me deram alicerce para chegar onde estou chegando.

Bikodisse:
Diante da sua experiência no diálogo com a Juventude negra baiana, qual proposta que você encaminharia para os poderes públicos para combater o atual quadro de violência contra esse seguimento?


Aline: O problema do mundo é a educação que não é projetada de forma devida. Acredito empessoas, pois a arte é elemento fundamental de modificação, transformação. A arte nos proporciona uma visão geral do mundo, nos torna mais perceptíveis, aguça os nossos sentidos, sei que sou suspeita de falar, mas foi a partir dessa arte que me tornei quem sou, não sei se escolhi a arte, ou ela que me escolheu. Como diz Paulo Freire "quem forma se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado". Esse é o meu objetivo como professora de teatro; formar meus alunos, não no sentido da forma - injetar uma verdade e pronto,é dar subsídios para a construção do individuo, e, ao mesmo tempo em que se formam eu me formo também. Com certeza o índice de extermínio da juventude negra e o quadro dessa guerra sangrenta dos últimos tempos em nossa terra irão diminuir, quando os homens de poder investirem em arte-educação.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Confirmado o Forró da Biko!





A festa Junina dos Bikud@s já está garantida, confira as informações sobre o evento e não deixe de participar.


Local: Sankofa African Bar
Endereço: Rua Frei Vicente, nº07. Pelourinho
Horário: 19 horas
Valor do Ingresso: Pagamento antecipado: R$ 5,00
Após as 20 horas do dia 18: R$ 10,00

Forró da Biko, quem disse que dois Bikud@s não se beijam?

Bikurtas: II Formação de Professores – FOQUIBA.



O Fórum de Quilombos Educacionais da Bahia - FOQUIBA realizou no dia 17 de abril deste ano, no Colégio Estadual Elysío Athaide – Cajazeiras V, a 2ª Formação de Professores com o tema: Cultura da Violência: Vivências Cotidianas, ministradas pelo mestre em Psicologia Valter da Mata e a Diretora Pedagógica do Steve Biko, Jucy Silva. Ambos abordaram sobre os diversos tipos de violência dentro do ambiente educacional ,com um recorte para o racismo, homofobia e gênero.
Eles não se limitaram apenas em explanar sobre o tema, os mesmos mostraram estratégias adquiridas ao longo de suas experiências para amenizar o problema.
Segundo uma das coordenadoras do FOQUIBA, Millena Nascimento, a atividade faz parte da PAE – Programa de Apoio Estratégico, que desde 2007 conta com o apoio da CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços). O Programa tem como objetivo primordial agregar todos os quilombos educacionais integrantes do fórum, para
um aprimoramento relacionado às questões didáticas e pedagógicas frente às diversidades étnicas, culturais, sexuais e outras.
“O objetivo é formar os docentes e coordenadores para uma melhoria nas práxis pedagógicas no que tange as questões de raça, gênero e outros aspectos ligados à educação”, explica Jucy.
O FOQUIBA pretende dar continuidade com mais oito encontros de formação. Mais informações em www.foquiba.com.br.